Programa Conservação da Biodiversidade

Projeto Cílios do Rio (Financiado pela Iniciativa BNDES Mata Atlântica)

O presente projeto denominado “Cílios do Rio” é financiado pela INICIATIVA BNDES MATA ATLANTICA e faz parte das ações do INSTITUTO PRÓ-TERRA de Conservação e Recuperação da Biodiversidade e das Águas e a inclusão social de trabalhadores desempregados do setor sucroalcoleiro no Centro-Oeste do Estado de São Paulo.

    Ele propõe a recuperação de 117,68ha de matas ciliares situadas em 30 propriedades rurais distribuídas em 3 municípios (Jaú, Ibitinga e Itapuí), e uma Unidade de Conservação (APA Estadual de Ibitinga). Essas áreas foram priorizadas e selecionadas neste projeto de acordo com o cadastro efetuado pelo Instituto Pró-Terra no Banco de Áreas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo e conforme sua relevância ambiental, sendo 6 de manancial de abastecimento público e de conectividade ecológica entre fragmentos florestais de Mata Atlântica e 1 RPPN(RPPN Amadeu Botelho), e 2 de refugio de fauna. Assim, estas áreas beneficiarão aproximadamente 220 mil habitantes dos 3 municípios.
    
    Este projeto dará continuidade a uma série de ações que o Instituto Pró-Terra realiza na região como por exemplo o Projeto de Recuperação de Matas Ciliares do Estado de São Paulo (Projeto da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SMA/SP ) e será ampliado para duas Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI do Estado (UGRHI Tietê-Jacaré e UGRHI Tietê-Batalha).

DETALHES DO PROJETO

Uma das ações prevista no projeto será a realização do curso chamado “Plantadores de Floresta: capacitação em áreas degradadas e socioambientalismo” para trabalhadores rurais. Trata-se de atividade que visa a difundir a metodologia que vem sendo utilizada em vários projetos do Pró-Terra e que foi construída tecnocientificamente pela equipe da Instituição. Esse curso é necessário para capacitar os novos funcionários a exercerem as atividades de restauro, pois a maioria é oriunda do setor sucroalcoleiro. Além da metodologia de restauro, esse curso também apresentará uma contextualização geral sobre temas como educação ambiental, sustentabilidade, socioambientalismo, desenvolvimento rural, resgate cultural, dentre outros.

Além disso, estão sendo realizadas oficinas de sensibilização, educação ambiental e divulgação do projeto nas comunidades do entorno, abrangendo oito municípios inseridos na Bacia dos Rios Jaú Jacaré, o que representa, aproximadamente, 220 mil habitantes. Serão, ainda, realizadas intervenções nos municípios da área de abrangência das Bacias Hidrográficas do projeto. O foco dessas oficinas é divulgar o projeto e informar sobre a recuperação do Bioma Mata Atlântica com lideranças, órgãos públicos e agentes socioambientais no intuito de capacitar multiplicadores regionais. Ao final do curso serão conferidos certificados aos participantes.

Como resultado, o projeto deverá ampliar as oportunidades de geração de renda e emprego. Pelo menos 20% da mão-de-obra empregada no plantio será formado de população local de baixa renda.

Esse tipo de projeto possui a vantagem de mitigar a redução de disponibilidade de água para abastecimento público, irrigação de culturas agrícolas e geração de energia. Possui, ainda, a vantagem de minimizar a crescente perda de diversidade biológica no estado de São Paulo, pois foi constatada a fragmentação dos habitats, gerando inúmeras perdas de espécies antes mesmo que estas sejam conhecidas pela ciência.

O projeto proporcionará conexão ecológica entre vários fragmentos de floresta estacional semidecidual, entre eles a RPPN Amadeu Botelho e áreas recuperadas pelo Projeto de Recuperação de Matas Ciliares da Secretaria do Estado de São Paulo.

Refúgio de Vida Silvestre das Várzeas do Rio Jaú/Rio Tietê

Uma das áreas a ser beneficiada está situada no entorno do refúgio de vida silvestre da foz do rio Jaú, em um lugar chamado de “Marambaia”, onde ocorre o encontro das águas dos Rios Jaú e Tietê e do Ribeirão da Prata, formando a foz de todo o complexo hidrográfico da bacia. Essa região é conhecida como “pantaninho”. Ali a drenagem do Rio Jaú é barrada pelas represadas águas do Rio Tietê que tem seu leito obstruído pela represa de Bariri alguns quilômetros à jusante. A paisagem predominante possui inúmeras áreas alagadas ao redor do leito do Rio Jaú, circundadas pela cultura da cana-de-açúcar, por pequenas áreas de pastagens com árvores esparsas e por uma restrita área de regeneração de mata nativa. O presente projeto possibilitará um aumento da conectividade ecológica da região.
Recursos hídricos

Espera-se que este projeto promova um grande impacto ambiental de restabelecimento de processos ecológicos vitais para a vida nestes locais de extrema relevância para a conservação e recuperação ambiental do Estado de São Paulo. Os recursos hídricos que serão contemplados pelo projeto serão:

Córrego São Joaquim
O córrego São Joaquim é um manancial de abastecimento da cidade de Jaú e é responsável pela produção de 25,7% da água superficial de toda a bacia hidrográfica. Está situada na bacia do Rio Jaú e possui uma área de aproximadamente 6 km². A foz e os fundos de vale da microbacia do São Joaquim apresentam atualmente alto grau de erosão, devido ao mau uso e à falta de conservação do solo.

Córrego João da Velha
O córrego João da Velha é um manancial de abastecimento da cidade de Jaú, responsável pela produção de água, que varia de 57 l/s na estação seca do ano a 171 l/s na estação chuvosa e contém 17% da água superficial produzida na bacia do Rio Jaú. Esse córrego pertence à bacia do Rio Jaú e possui uma área de aproximadamente 14 km². Sua microbacia apresenta, atualmente, alto grau de erosão, devido ao mau uso e à falta de conservação do solo. Passa em seu trecho final pela Reserva Ecológica Amadeu Botelho, onde está situada a captação de água. Hoje, a nascente do córrego João da Velha está muito degradada. Quase sem vegetação ciliar, conta com apenas uma pequena regeneração de Embaúbas (Cecropia spp.) e Sangra d’água (Croton urucurana).

Córrego São Pedro
O córrego São Pedro, que pertence à sub-bacia do Ribeirão Pouso Alegre, é um manancial de abastecimento da cidade de Jaú, responsável pela produção de 168 l/s de água, que representa 24% da água superficial produzida na bacia do Rio Jaú. Na foz de sua microbacia, os basaltos estão mais entalhados e apresentam alto grau de erosão, em face do mau uso e falta de conservação do solo. A captação de água está situada na porção central dessa microbacia.

Rio Jaú
O Rio Jaú é um manancial de abastecimento da cidade de Jaú, responsável pelo abastecimento público nos períodos de escassez de água. Ele possui uma área de aproximadamente 750 km², sendo uma importante bacia Hidrográfica pertencente a UGRHI Tietê-Jacaré no centro do Estado de São Paulo. Na foz de sua microbacia, os basaltos estão mais entalhados e apresentam alto grau de erosão, em face do mau uso e falta de conservação do solo. Sua nascente está situada próximo à rodovia entre os municípios Jaú-Torrinha, do lado esquerdo, na direção de Torrinha. Sua foz está na supramencionada região de Marambaia.

Ribeirão dos Porcos
O Ribeirão dos Porcos pertence a UGRHI Tietê-Batalha e está situado na APA Estadual de Ibitinga. Esta UGRHI possui uma população estimada em 1 milhão e 500 mil habitantes. Dentre as diferentes formas de ocupação do solo, uma série de atividades tem degradado esta bacia, como as monoculturas de cana-de-açúcar, laranja e eucalipto, pecuária extensiva, extração mineral, além do crescimento desordenado das regiões periféricas dos grandes municípios.

Córrego dos Antunes
O córrego dos Antunes pertence à bacia do Rio Jaú e possui uma área de aproximadamente 60 km². Sua microbacia apresenta, atualmente, alto grau de erosão, devido ao mau uso e à falta de conservação do solo. Sua nascente está situada próximo ao limite dos municípios de Jaú e Mineiros do Tietê e sua foz é no Rio Jaú, onde está situada a captação de água que abastece esta cidade.

Córrego Pau d´Álho
O córrego Pau D´Álho é um manancial de abastecimento da cidade de Jaú, responsável pela produção de 168 l/s de água e representará 24% da água superficial produzida na bacia do rio Jaú. Ele possui uma área de aproximadamente 25 km² que corresponde a 10% da área total. Na foz de sua microbacia, os basaltos estão mais entalhados e apresentam alto grau de erosão, em face do mau uso e da falta de conservação do solo. A captação de água está situada na porção central dessa microbacia.

 Atualmente, o projeto recuperou 80 ha com aproximadamente 124 mil árvores de especies nativas da floresta ribeirinha da Mata Atlântica do Interior.